domingo, 31 de março de 2013

Milêniun


Milêniun     Tenho tentado entender a psicanálise e o milênio Inicialmente pensava a psicanálise como um deus ex máquina capaz de resolver todos os dramas da existência humana Bem,se pensarmos nos tempos primevos do cristianismo quando sociedades orgiásticas(portanto bem resolvidas sexualmente)jogavam seres humanos aos leões em circos e espetacularizavam a tragédia me pergunto:ser bem resolvido sexualmente garante a este processo civilizatório sobrevivência....este nosso...Digamos que podemos observar uma espécie de coliseu moralO que é ser bem resolvido nos termos do teorema freudiano!      

Segundo Freud o que se compreende como maturidade sexual é a sexualidade genital Toda a sexualidade que não chega a este ponto é vista como fuga ,ou,no caso ,por exemplo,da homosexualidade feminina,cuja forma de prazer genital é diferenciada,pode ser encarada como desvio Então,assistimos a uma espécie de coliseu moral que,em termos de extrema direita massacra física e moralmente as diferenças e,no caso de uma esquerda  dita consciente,fz a mesma coisa de forma veladaAlguns homosexuais sofrem violências acerbas em países socialistasSimplificadamente,o dogma ancestral da virgindade garante a escolha da donzela que vai unir territorialidades e poder econômicoDesde às sociedades tribais com suas lutas por territorialidades e poder material,passando pelas hierarquias estamentais,territoriais e endinheiradas dos nobres até ao contemporâneo mundo capitalista que,pode até abrir mão deste dogma mas não abre mão dos seus acordos de poderEntão,como nas prístinas eras do cristianismo dos primeiros tempos,ser bem resolvido,pode significar ser bem resolvido em termos de prazer,territorialidades e poderio econômicoNeste contexto é provavel que os despossuídos de tais poderes sejam jogados na arena dos mal resolvidos por ignorância...Na arena dos leões estão as formas de sexualidade alternativa,a carícia,na qual serão jogados os ...desviados...os revolucionários....os contrarevolucionários também...enfim,todos os que não forem inscritos nos ditames do poder hegemônicoComo pensar o amor,o prazer em si... Mas o prazer em si não vive descontextualisado As condições reais de existência de um operário tornam a sua relação com o prazer diferente de quem tenha melhores condições de tempo e confortoSe pensarmos como Marcuse que a noção de sublimação postulada por Freud está a serviço da mais valia  é possível compreender esta espécie de coliseu ideológico que exila das possibilidades de prazer e de amor

Os pobres,o...desviados de toda ordem...e...se pensarmos nas nossas juvenis pretensões revolucionárias que o prazer é o justo prêmio dos vencedores por sua sensata compreensão é provável que estejamos reproduzindo um velho teorema...quem domina,quem é dominadoA pergunta que me faço é:qual humanidade advirá disto... Quando me lembro de minha mãe,das nossas longas horas de silêncio,penso nas velhas questões de ordem que associavam o silêncio à censura mas,nestes momentos,fiz a minha melhor poesiaEla me parece até hoje uma eterna adolescente ,belíssima,meio criança  e falou de amor a vida toda Era meio gueixa e tinha a  dor inocente das adolescentes diante da deslealdade masculinaTalvez mais cultural do que real O que me ocorre agora é o texto Aula,de Roland Barthes Segundo Barthes fascismo é obrigar a  falar e não impedir de falarA ilusão de que o ser bem resolvido com a sua libido é não violento pode ser uma ilusão porque talvez possamos registrar sociedades orgiásticas profundamente violentasContemporaneamente,a ingenuidade de acreditar que libido bem resolvida diminui a dimensão perversa da relação com o prazer no mundo contemporâneo não exclui a realidade da convivência do orgiástico com o hediondo

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