Finalizando A Lírica de Delasnieve Daspet

Inscreve-se assim nesta poesia,a possibilidade permanente da rediscussão da
da estabilidade que nos impressiona nas teorias contemporâneas da linguagem poéticaNão se trata aqui do experimentalismo formalista ou estruturalistaNem tão pouco das modernas posturas das poetisas contemporâneas diante da nossa eterna condição humanaSimplesmente a serena postura de alguém diante da Lua,se desligando do mundoCom todas as suas linguagens,sedução e formas de autoridadeRebeldia totalEsta recusa ao mundo através da contemplação da lua
me parece o corte epistemológico que nega dialeticamente a identificação narcísica com a autoridade como poderE consequentemente as formas de identificação que legitimam a tirania do discurso oficial,de qualquer poder hegemônicoBhabha nos diz:
Não passará a linguagem da teoria de mais um estratagema da elite ocidental culturalmente privilegiada para produzir um discurso do Outro que reforça a sua própria equação de conhecimento e poder....(Bhabha,1998:45)
Pensando na poesia de Delasnieve como quem frui um fenômeno de dicção
que é parte da diáspora pós colonial(antes do 11 de setembro)é interessante
associar visões de lírica de três mil anos atrás com a contemporaneidade
A simplicidade desta linguagem me remete à comunicabilidade midiática,à lírica de todos os tempos,ao que parece banal e é complexoSe pensarmos que,em termos de lírica trovadoresca,passando por Camões(Lírica),que usa o modus operandi da redondilha,essencialmente popular,talvez tenhamos uma pista para compreender esta junção entre comunicabilidade imediata e complexidade,uma vez que a também aparente simplicidade de Safo atravessou três mil anosSe Benjamim(Magia e Técnica,Arte e Política)nos diz que a lírica,bem como toda a poesia,nos diz que a arte não é reprodutível em série
,penso ser perfeitamente possível dizer que o formato,a forma linguageira,pode ser reprodutível,os sentidos produzidos certamente nãoEm termos de Delasnieve,quanto de todos os líricos,advogo a possibilidade de estarmos diante do que Adorno,Herbert Head chamam de objeto único.Irredutível senão aos seus próprios termosMisterioso e belo na sua intraduzível simplicidade