quinta-feira, 21 de março de 2013

Limbo das Horas

O LIMBO DAS HORAS Helenice Maria Reis Rocha HISTORINHA Napoleão passou por aqui com seu cavalinho comendo camponeses cuspi três vezes A Inglaterra passou por aqui com suas galeras comendo escravas joguei três pragas A metro Goldwing Mayer passou por aqui com seu leão de ouro comendo o ocidente joguei três dados A história passou por aqui e comeu todo mundo morri de medo ESCOLHA Entre o universal e o particular Entre o absoluto e o relativo Entre o cosmogônico e o escatológico Entre Ahura-Mazda e Arriman Não fique doente Tome urodonal e viva contente TEATRO Cenário de reticências onde a calma vida íntima das coisas se desfaz e adere às aparências de momento no variado teatro dos salões do congresso aos palácios de artes desfilaram os últimos gritos da mídia imperceptível armadilha que mesmo aos muito rudes as vezes apraz negócios do ócio que fazem fortunas e multidões mas não desafiam a solidão do último sonho sonhado e nem a raça dos miseráveis da terra DIAS Tenho dias alegres, outros, nem tanto ouço compungidamente o noticiário cotidiano com um fervor religioso deploro as crianças com fome ouço ao longe um pássaro cantante espetáculos de multidões em guerra o limite tonitroante entre o excesso e o contraste o sol nasce entre as montanhas e entre as trincheiras beleza e horror comungam nesse instantes POYESIS Declaro o fim da poesia quem se interessa por esses escarros a que chamam metáforas? Talvez algum vagabundo ou algum mendigo atrapalhando o trânsito valham mais que isto Talvez algum infame, escrevendo Palavras pornográficas Ou quem sabe alguém usando uma linguagem estranha para enganar algum carrasco? TARDE O pão sobre a mesa, o café os pardais na janela a fé exata a agonia da tarde a loucura inata da velha sozinha na casa Cada minuto uma sentença preanuncia a despedida a exatidão das horas prediz o tempo do que foi no irrecuperável movimento de partida do minuto de antes para o de depois A CHAMA DA VELA Rios de falas mineiras perpassam minha precária memória mas nessa travessia ancoram os silêncios as conspirações as entrelinhas como diria o Celsinho uma sedução respira no ar Sinto o seu ritmo pausado arfante sua presença Em Minas tudo murmura o badalar de um sino é uma sentença tudo agoniza tudo sussurra A dor de Tiradentes ainda soluça nos cantos e Minas, nem tem mar O CIO Submerso sobre a placidez das horas o cio, esse tema menor não tem autor e sobrevive anônimo mas subsiste e estigmatiza a carne imanente nos murmúrios nos escuros do quarto Ante-câmara do desejo preanuncio do ato tão belo tema tão poucas palavras que de terrível introspecção me faço escrava mergulhada nas abissais emoções do prazer esqueço qualquer menção material da fala. ERRÂNCIA Toco o quociente entre a palavra e o sentido faço a operação pertinente e desafino esse desajuste que faz a diferença me faz pessoa sem convicção, sem destino sem endereço certo errância vazio Adejando o ininteligível discurso dos anjos proclamando alto os mais chulos nomes da terra explícito a oscilação pendular de significação que às vezes o exercício da poesia encerra GOZO Este lado subterrâneo do mundo feminino cavalga silêncios navega código misteriosos. porão carbonário de acordos inconfessáveis sussurros e cicios de bruxólicos segredos consolo dos mártires libertação dos encarcerados prisão dos nascituros encantatórias armadilhas encerra. Senhora de gozos abissais ou prisioneira dos mais terríveis medos a fêmea avança, recua permite, nega rainha ou vassala impera dona dos mortais Mas de Eva a Maria Santa ou guerreira inocentemente se entrega NO PRINCÍPIO ERA O VERBO Às vezes me ocorrem barbarismos de poesia a palavra se insurge e me toma concreta sem retoques completa vai ganhando espaço, sem pedir licença e segue, selvagem sem marcar presença CIO DAS HORAS Inusitada figura de trânsfuga simulacro terata com o meu corpo grande e estranho ouço a minha voz interna de mulher dizendo calma, sinto o doce cio das horas o doce chamado das entranhas Quem virá? Não sei Talvez o passageiro do tempo das estações homem grande desarticulado objeto de desejo tão sonhado e distante CARPINTARIA Todo poema tem um instante de hesitação um momento de parada uma dúvida um vislumbre Todo se resume na síntese de um segundo quando as palavras insistem em se ausentar e alguma emoção vagabunda se instala Em Esra Pound a poesia idéia se declara em Jacobson, configura o estatuto da materialidade da linguagem A intuição do verbo me paralisa Poyesis e prazer se confundem A estesia me inaugura num tipo de mistério OS SENTIDOS DA POESIA A vigência da poesia não tem duração de mandato A buzina da polícia ressoa no ar Ouço o grito no escuro o tiro certo pressinto grandes negócios o destino por um fio o limite do renegado testa a medida do mar um corpo cai, de olhos abertos poética do cruel dessangrando em significados a diversa realidade Sublime ou horrenda a poesia me excita mais COTIDIANO O travestimento do banal descansa no extraordinário Um menino jogando bola um papagaio no ar um pequeno cemitério, de preferência indígena Todos os figurantes vestem gala e vão para a festa principal Uma igrejinha na estradas Uma professora e sua aula inaugural Uma singela borboleta que pousa na mesa da sala DIZERES O não-dito permanece ressoando entre as vozes da vida passeia entre as conversas de bar entra nas alcovas baratas Síntese de prístinas eras se afirma negando o banal o cotidiano o real os sonhos as esperanças o necessariamente humano patética dissimulação do que todos sabem e não falam O não-dito desvenda a semântica do fogo prisma visceral por onde o secreto saber escapa súbito espanto dos que não sabendo sabem DECÁLOGO Exilada de mim eu sou quem vai e quem volta Sou a metade que dorme e a outra metade que acorda Sou a legítima e a outra constante movimento de esperas longa paciência que diz não breve sabedoria que diz sim quando as urgências apertam ERRO DE PALAVRA Entrância nada mais me socorre corporeidade que acontece dentro e fora matéria orgânica visceralidade semântica de uma orgástica palavra sem verbete, sem matéria lembrança ancestral de um mundo sem nome cheio de vocábulos estranhos A NEGAÇÃO DO POEMA Nem todo poeta faz poesia Entre a inércia e a ação há um desvelo, um hiato descurando o verbo de sua existência virtual Virtude ou vício a negação do poema as vezes se consuma exumar a palavra se torna um hábito VIAGEM Meu pensamento viaja e as vezes se instala em um não lugar a des-horas aonde não acontece nem nada Espaço não identificado de um mundo nem esquecido Puro idílio dos que não foram nunca sugeridos com tumbas razas sem nome e um velório com um velante Tem prostitutas e senhoras e famílias duvidosas onde há virgens tresloucadas e velhos se masturbando no escuro um lugar perdido num não tempo quimérico, lírico que toda potência adâmica despreza que todo poeta procura ESPELHO Náufraga inocente da dúvida vejo o desfile da vida sem espanto já hesitei entre o pó das ruas e o meu canto vivendo à margem de mim mesma ruminando Eterna diáspora, sentimento do exílio sobrevivi a mim no entanto Ásperas incertezas me atravessam na crua nudez das horas quis ser outra, em outro lugar mas sempre encontro o espantalho de mim mesma em algum canto a face real do avesso o reflexo as entranhas TEATRO A consumação de um entreato me inicia Quando grandiosas cenas de um viver único se confundem Os poderosos donos da terra teatralizam valores de família em representações insólitas A singeleza original de não se ter nada resgata esta consumação mostrando entre um ato e outro outra alternativa MURMÚRIO Outras falas me comovem vindas não sei de onde Sabem a face da exclusão algaravias de lavadeiras em rios gritos de crianças correndo soltas monólogos de velhos solitários o canto monótono dos monges a fala dos loucos sem nome mendigos brigando na rua obstinado sentimento de um mundo que me faz atenta fora dele Falas me adentram fundo me embalam, me seviciam o primeiro choro da criança murmúrio de mãe, êxtase putas gargalhando alguém tocando um solfejo assovio de madrugada tristeza de mulher sem homem FINAS SENSAÇÕES Envolvida em latins e citações de Safo vou saindo, finória última espécie dessa raça insubordinada que carrega o valor preclaro da incurável rebeldia Entre a latrina que fede e a delicada sensação do amor escolho o grito, o palavrão, a obscenidade a explícita honestidade das mulheres que nunca negam VERNIZ DAS COISAS O começo preanuncia o enredo da trama vislumbrada o laço o dia a dia das coisas tem seu preço o bêbado na esquina o padeiro o pedinte o abraço em cada objeto uma história ruídos e vozes reivindicando presença O cotidiano e seu mistério as vezes se esconde num retrato O pecado original nunca cometido teve seu início num dia a todos igual esse roteiro anunciado não tem premeditação doce cela de viventes já cansados TRAPÉZIO O fio que une o ser à paixão se desgasta como filha que bate em mãe dos navios só tenho fotografias mas sinto dos seus apitos a graça A poesia afirma várias coisas sem sublinhar nunca nada os seres e as coisas desfiam nela como folhas ao vento ao sabor do acaso GOZO ANCESTRAL Fino desvelo em poema o desejo se desata puro zelo finge recuo e nos desacata O sino da Igreja bate um estranho gozo me constrange coisas antigas nunca acontecidas fazem memória uma boneca de pano um pedaço de giz um palhaço a agonia de Jesus se faz presente gozo de quem ama e se despedaça Minha mãe canta um tempo antigo se atualiza intacto Fabulo sons nunca ouvidos e gozo o gozo do não-ouvido me surpreende velas passam a procissão segue, funérea triunfo dos que sofrem e amam a saudade do que não tive me conforta DOCE AMÉRICA Eu estou azul de fome eu estou com uma fome azul estou com uma fome negra a fome é negra ou azul? É verde-esperança na América do Sul ENTRE A VIRTUDE DO VÍCIO Há certas coisas que a paixão desaconselha prefiro o essencialmente humano ao bom-gosto sinto dentro de mim as próprias razões da dor as entranhas mesmo desse sentimento as ciladas do desejo a solidão e nesse estranho reflexo de mim mesmo me vejo despojada de inúteis defesas e no comando de tudo, ela a paixão. TEMPO Inexiste a calmaria das horas quando tudo o mais anuncia a passagem do tempo na carne Tudo urge, emergência tardia do que ficou para trás paixão do instante amores juvenis se vão paisagens esquecidas viajam sob a retina inexatas, incertas com a imprecisão de um momento POEMA MINUTO Quando penso desescrevo SENTIMENTO DO MUNDO Toda virtude me assombra tudo que tem nome fenece o não falado o sonho arremeda o extraordinário do nunca em doses lentas acontece Quem sonha pecados arrepanha retalhos do mundo da vida SER TÃO O arrenegado se apresenta nos entrementes da fala melífluo cuidadoso catimbento cavalga os longe lugares do Sertão o Sertão faz parada no invisível dos olhos POEMA Singular simplicidade teorema desafinado raiz signo deslocado desajeitado se configura o poema objeto estranho desajustado inconveniente sensual e orgástico irredutível problema semântica do intraduzível palavra selvagem síntese do essencial poexema ANTIGAS CIDADES Sinto saudade de um mundo que não vi ante memória de um vivido que se perde e num momento antecedente se desfaz E lá existem cidades vazias virgens de tudo que a vida traz Pequenos objetos sinalizam antigas presenças um pássaro na pedra um desenho na rocha e toda uma vida cotidiana se refaz ossos panelas de barro antigas civilizações se entremostram Calaram o grito do Inca, do Maia, do Asteca Mas as cidades ainda estão lá SENTIDOS DA NOITE Vejo a noite e seu expectro impressionante sinto uma solidão obstinada fatalismo dos líricos realidade atávica mansidão cívica Todas as praças me emocionam cobertas pelo véu da noite prefiguro a sua corte de vultos os mendigos que defecam as gargalhadas das putas o choro de alguma criança a luz de algum bar distante Eu queria a visceralidade dos miseráveis a dolorosa humanidade dos perdidos antes disso tenho a noite e a solidão do meu quarto FATHER Ouvi um som muito distante parecia a música de meu pai Bach, Mozart, Vivald, Radamés Gnatalli música clássica e moderna meu pai está em Passárgada lá ele é amigo do Rei aqui viveu, amo, sofreu e foi Rei SOLIDÃO Jesus Cristinho me acena com a mão Vem | Vem | Não vou | prefiro alguma esbórnia mesmo sonhada prefiro A CONSTRUÇÃO DO POETA Um vazio de imagens me imobiliza O império da angústia deve ser assim ausência fuga impossibilidade meu heroísmo consiste em contrariar a natureza desse atavismo e do nada encontrar alguma vida O poeta se faz na adversidade na negação dos sonhos na natureza dividida A ESCOLHA DA PALAVRA Simulo esculhambar com o bom gosto dos bedéis escondendo na algibeira a palavra exata doce cicio de significados diversos marulhando ao ouvido um oceânico sentido Escolho nomes suspeitos desprezo pessoas de bem simulacro de pretensas elegâncias Desavio qualquer nobre condição resguardando no fim uma esperança um presságio ou alguma convicção GAUCHE Se der tudo errado sapateio um flamenco na avenida central da cidade bebo um brinde ao anonimato aos transgressores e a todos os mal amados. porque a glória não me interessa mas rastreio a experiência genuína o matiz da medula tudo que ensina mas desaprender todo dia é meu ofício embarcação de contradições cheia sem surpresas ou sustos bailo esse suspeito sizo O LUGAR DA HISTÓRIA Letárgico pressentimento ou antegozo de um futuro desejo emergência de árida memória a concretude da história se faz presente misturando o que passou com o que virá No dramático momento em que o cotidiano se esfacela os seres e as coisas mudam de lugar os sentidos deslocam suas hierarquias esperadas E o que se julgava perdido desaparece para reaparecer nesse outro tempo de novas paixões de palavras vãs DESSACRALIZAÇÃO Dessacralizo mistérios como quem rouba segredos de virgens dispo-me ao pé do altar cantando e dançando as sagradas palavras Em nome do pai, do filho do espírito santo banho seus pés como quem desnuda o coração do amado e viajo em seu corpo como quem faz uma oração Às vezes, tenho pretensões de princesa é quando minha voz interior me cala desafio toda a soberba e vejo o tempo entrar pelo meu corpo absorta, percebo que sou nada qualquer provocação vulgar me embaraça Sou da mesma laia das rendas ordinárias quando alguma pretensão se instala desaprisiono a minha porção marafona Sumária ÍTALO Ítalo Mudado ícone de alto astral semeia ventos quando fala colhe tempestades quando ri meu coração fica aos pinotes e evoca as coisas abstratas o que há além da paixão porquê o amor as vezes arrasa evoca as coisas concretas por exemplo poyeses “ação de fazer algo” tudo o que trabalha CELIBATO Todos vão à missa ou às procissões ou aos carnavais No quintal do meu coração germina um verme esquivo origem de tudo que é estrangeiro de tudo que vem de longe de um outro lugar Sobrevivo sistemática aos grandes acontecimentos acompanho paciente a banalidade dos dias Estrangeira entre familiares diferente entre iguais a conseqüência de tudo desafia a esperança mas às vezes o imprevisto se reapresenta Todos têm filhos todos amam tudo vive e morre filha e amante do tempo erva maldita sobrevivo em qualquer lugar SENSUALIDADE Comovida como a vida Nudez sem os disfarces da beleza ou juventude a sensualidade explicita não escolhe religião ou pátria os muito belos que me perdoem mas calor humano é fundamental Gozo anônimo sem nome ou sobrenome privilégio de rebeldes inocentes como os animais não sabe a inúteis cortesias nem a gentileza de superfície vai direto ao fundo do corpo miséria das palavras glória dos essencialmente imortais A imortalidade jaz num minuto de prazer real CIRANDA Uma ciranda me enternece quem adormece criança merece o prêmio dos céus tão acordada me vejo sem saída sem descanço Desperta vejo o fim de um ano de dois, de três da madrugada sou íntima companheira Insônia Síntese de uma vida inteira ACORDO SECRETO Minha mãe padece de dores atrozes na espinha e canta Eu queria um galinheiro no quintal gatos na cozinha cantar num jogral tenho da vida as vísceras da morte, a lembrança de meu pai bato o pé e requebro regateira enquanto tiro as roupas no varal Tenho do futuro a esperança e do presente alguma saudade A NAVILOUCA Navilouca atravessando o plenilúnio pressaugurando o renascer do dia passariáureas aves da manhã pipirolando o solarlindo céu a navilouca atravessa o dia louca a nave vai através de temporaliza a insólita desconhecida imagem não identificada, irredutível vai DÚVIDA Não tenho o passaporte para a felicidade Nenhum devenir me atribula um saber antigo se insinua as instâncias de um delicado sentimento se configuram Não tenho nada a dizer e estou só Impotentes as velhas palavras povoam o silêncio Não tenho rugas ou marca do tempo além de alguma flacidez e a inevitável cicatriz de algum passado FANTASMA Eu queria conversar com a minha amiga ouvir apito de trem fazer alguma comida Sinto a dor de minha mãe me paralisando as entranhas pairo sempre sobre os abismos namoro os grandes pecado sobrevivo A decadência me transpassa em vôo razante antes de mais nada se impõem vidas POLIS Sobrevoando labirintos de inusitados sentimentos pouso nas esquinas de esquecidas sensações e a concretude das ruas me desperta A emergência do presente apunhá-la minhas pretensões minha distraída intenção de ir adiante Um pássaro de fogo pousa no meu coração e queima minhas carnes flácidas Riscando o ar com suas asas mágicas preanuncia um definitivo augúrio Os homens, as crianças, a cidade tudo o mais anuncia a lembrança do futuro SONHANTE Plurivalente pretensão de uma sonhante bela a noite em clarividez se desfaz e com ela todos os vários desejos todas as ousadas carícias que a sonhante noite traz As feras também amam nos cantos recônditos da aconchegante noite com garras de belas e polivalentes mãos O país do corpo não escolhe, oferece gozos úteis ao espírito são OS SENTIDOS DO AMOR Desmereço qualquer comenda rio-me dos peitos impávidos cheios de medalhas Aos incautos ofereço uma prenda o coração de um potentado em alguma bandeja rica de bem aventurados as vãs glórias cortejam Meus pés sabem aos círculos de poeira ao mendigo que pede ao grito no escuro Meu quintal tem bem-te-vis tenho casa tenho raízes piso a terra com uma heróica certeza permaneci crendo as incertas asperezas amei os amigos como quem carrega uma bandeira TRANSPARÊNCIA Clariluz floriluzente jardim passarinhantes aves trafegam o céu Sol balão crianças passeantes belas atravessam o jardim reluzente de briza o vento brincando faz tremeluzir o orvalho das flores PLENILÚNIO Sonhaz é o poente e a sua fonte é de luz Clarificante dia voantes pássaros cruzam a atmosfera sagaz de sagazes aves céucruzantes Nuances de clarificazes cores anunciam o plenilúnio Lua plena de amor metálico A VIAGEM DO TEMPO Assertiva anunciação do dia o galo canta cavaleiro da manhã Entre os minutos passam estradas de aconchegantes lembranças Minha mãe me chama estou gripada estou em casa Ânsias de mulher madura me sacodem invadem as salas da memória e se instalam A cosmogonia do tempo tem sua hora e lugar certos As humanas atribuições não lhe alteram a face Pelejas de heróicos guerreiros não lhe sulcam o rosto impávido O tempo sempre faz a sua viagem atravessando sutis distâncias implacável O PREÇO O meu segredo companheira eu adquiri a duras penas nos desvãos, nos porões da cidade, nas trincheiras é por isso que quando eu tento transmiti-lo a você, eu fico muda, devagarinho desajeitada feito pássaro sem ninho A MARGEM ESQUERDA Desaviso quem me acredita sou um traçado incerto tropeço no espaço vazio passo falho nenhuma alerta meu gatilho nunca funciona guerrilheira sem armas ferida aberta SÍNTESE Tenho o desassombro dos bobos já fui animal um dia serei estrela no céu Í N D I C E HISTORINHA ..................................................................................................... 1 ESCOLHA .......................................................................................................... 2 TEATRO ............................................................................................................. 3 DIAS .................................................................................................................. 4 POYESIS ............................................................................................................ 5 TARDE ............................................................................................................... 6 A CHAMA DA VELA ........................................................................................... 7 O CIO ................................................................................................................. 8 ERRÂNCIA ......................................................................................................... 9 GOZO ................................................................................................................. 10 NO PRINCÍPIO ERA O VERBO ......................................................................... 11 CIO DAS HORAS ............................................................................................... 12 CARPINTARIA ................................................................................................... 13 OS SENTIDOS DA POESIA .............................................................................. 14 COTIDIANO ....................................................................................................... 15 DIZERES ........................................................................................................... 16 DECÁLOGO ...................................................................................................... 17 ERRO DE PALAVRA ........................................................................................ 18 A NEGAÇÃO DO POEMA ................................................................................. 19 VIAGEM ............................................................................................................. 20 ESPELHO .......................................................................................................... 21 TEATRO ............................................................................................................ 22 MURMÚRIO ....................................................................................................... 23 FINAS SENSAÇÕES ......................................................................................... 24 VERNIZ DAS COISAS ....................................................................................... 25 TRAPÉZIO ......................................................................................................... 26 GOZO ANCESTRAL .......................................................................................... 27 DOCE AMÉRICA ............................................................................................... 28 ENTRE A VIRTUDE DO VÍCIO ......................................................................... 29 TEMPO .............................................................................................................. 30 POEMA MINUTO ............................................................................................... 31 SENTIMENTO DO MUNDO ............................................................................... 32 SER TÃO ............................................................................................................ 33 POEMA ............................................................................................................... 34 ANTIGAS CIDADES ........................................................................................... 35 SENTIDOS DA NOITE ....................................................................................... 36 FATHER ............................................................................................................. 37 SOLIDÃO ........................................................................................................... 38 A CONSTRUÇÃO DO POETA .......................................................................... 39 A ESCOLHA DA PALAVRA .............................................................................. 40 GAUCHE ........................................................................................................... 41 O LUGAR DA HISTÓRIA .................................................................................. 42 DESSACRALIZAÇÃO ....................................................................................... 43 ÍTALO ................................................................................................................ 44 CELIBATO ......................................................................................................... 45 SENSUALIDADE ............................................................................................... 46 CIRANDA .......................................................................................................... 47 ACORDO SECRETO ........................................................................................ 48 A NAVILOUCA ................................................................................................... 49 DÚVIDA ............................................................................................................. 50 FANTASMA ....................................................................................................... 51 POLIS ................................................................................................................ 52 SONHANTE ...................................................................................................... 53 OS SENTIDOS DO AMOR ............................................................................... 54 TRANSPARÊNCIA ........................................................................................... 55 PLENILÚNIO ..................................................................................................... 56 A VIAGEM DO TEMPO .................................................................................... 57 O PREÇO ......................................................................................................... 58 A MARGEM ESQUERDA ................................................................................. 59 SÍNTESE ........................................................................................................... 60

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