segunda-feira, 29 de abril de 2013

Dia Enluarado

Dia Enluarado
De manhanzinha ,Claudio ia ver como estavam os passarinhosAs vezes soltava papagaio o dia todo,as vezes estudavaNós nos reuníamos um pouco mais tarde e cada um contava o que tinha sonhado no dia anteriorDe cada um desses sonhos podia sair a resposta para algum problema que estivéssemos enfrentandoO silêncio também nos alimentava Às vezes,papai e eu nos sentávamos diante da porta de madeira,ou do muro de pedra e ficávamos tentando observar as formas de rosto que iam se configurandoUm interessante exercício de guestaltIsto me abriu para sons e cores Claudio,com um medidor de decibéis sabe definir qual a densidade de sons possível,no trânsito,para que os motoristas não enlouqueçam Tão simples e.....tão civilizatório Beijin Beijin Beijin

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Slides


A Catexia da PAZ


A Fé Tântrica

A  Fé Tântrica
Quando penso nas questões de Fé,ocorre-me a definição de catexia,muito cara à psicanálise,que diz se tratar do investimento emocional em direção a um objeto de desejo
O desejo é a presentificação de uma ausência uma vez que quando operacionalisado pelo ego,refere-se a algo que não se tem presente Então,só se justifica pela abstraçãoNinguém deseja algo ruimDesejamos a felicidade do amado,a carícia,a presença do irmão, a carta do amigo....O que é a cura em Psicanálise....!!!!A realisação do desejo!!!!Então,a Fé,em sua etiologia,tem algo da constituição do desejo A Fé em dias melhores,a Fé no Amor,na Vida,na Cura...mesmo quando não se tem estes bens Exatamente como no Tantra,em que se mentalisa o ato de amor junto ao amado,mesmo sem a possibilidade ou a prática concreta do mesmoÉ uma disciplina da alma porque dirige o rio das paixões a bom termoDeixa de ser psicopatologia no momento em que se propõe como sonho E não como poder

terça-feira, 23 de abril de 2013

Psicopatologia da Fé

Psicopatologia da Fé
Se delego a algum ser ,poder total sobre mim,se faço um pathos de obediência,tenho que saber a quê ou a quem obedecerMuitos místicos dizem não contestar os desígnios de Deua Presume-se que sabem o que é DeusSe este saber emana do conhecimento destas pessoas e não existe uma comprovação mensurável pela observação,é um conceitoEntão qualquer pessoa pode dizer o que quizer a respeito Se este sujeito místico orienta a seu interloctor no sentido da obediência ,os sentidos produzidos podem ser imprevisíveis e os resultados tambémDigamos que,como é recorrente na linguagem de alguns místicos,que tudo o que acontece de bom e de mal,foi permitido por DeusA minha dúvida É:qualquer um pode encobrir as piores ações e as melhores também,de acordo com suas conveniencias e atribuir a "Deus"Então,este pathos de obediência pode muito facilmente servir aos interesses de um discurso hegemônicoSe tudo se justifica por uma teleologia ancorada num conceito que varia de sujeito a sujeito,aquele que obedece,não tem nenhuma chance além de acreditar nos resultados desta obediência Por piores ou  melhores que sejamEsta delegação de poder,na infância ocidental ,incide sobre a figura do paiAs figuras paternas têm representado ou sido vítimas de um modo de produçãoNesta gangorra dual,que a alguns vitimiza e a outros privilegia,o sujeito resiguina entre a denegação do seu desejo real e a vivência deste desejo,outorgando a um conceito um prazer secundário diante dos resultadosSe alguém se investe do poder dedefinr Deus,e é aceito em qualquer sentido que produza,exigindo ou induzindo à obediência total,pode aconselhar a vida e a morte Tem poder total sobre aquele que obedeceComo os psicopatasSádicos E dou outro lado do par,o da obediência total,pode estar um masoquistaA fé que incide sobre o pathos da obediência ou da ausência dela,muito se assemelha aos relatos recorrentes entre os grandes perversos
Ás lógicas de poder totalitário nas quais se delega poder total à líderes carismáticos,quaisquer que sejam s resultadosBem,se esta catexia tem por base um desejo resgatável como prazer real,vida,felicidade humana,tem sentido....

domingo, 21 de abril de 2013

Noite Ensolarada

Noite Ensolarada

Pensando na minha doce interlocução com papai,nas estradas de Minas,no escritório lá de casa,pelas madrugadas,lembro-me dele me dizer que,o que a maioria dos músicos pensa que é desafinação,é a capacidade de ouvir outros sons Então,íamos da escala cromática do século dezoito e tentávamos ouvir os Comas Ele me dizia que os Africanos,os Indianos têm uma percepção dos comas,que sãos os sons que estão entre os semitonsIsto me remete muito às Inxcelências,aos cantares do Rosário.....mas conhecíamos a linguagen da convenção Européia Estudamos Villa Lobos,Radamés,que dedicou dois concertos a ele,Kachaturian,Daniele Zanetovich,Bartok,Malcoln Arnold....Ele tocou toda a vanguarda do século vinte que conseguiu transcrever para a harmônicaTinha o cabelo todo enroladinho,muito moreno,parecia um hinduMuito lindoTrabalhamos exatamente vinte anos(1961 à 1982) ,a noite toda,com análise musicalMeus irmãos e eu viajámos muito com ele pelas estradas de Minas Claudio era lourinho Tinha o apelido de garrafinha de leite Minha mãe me disse uma vez que achava lindo ver os dois saindo de madrugada juntos,para as estradas Um lourinho de três aninhos e um lindo moreno,introspectivo,intelectualAlgumas vezes fomos denunciados porque fazíamos música de madrugada Toda a vizinhança amava a música dele mas um dos vizinhos não gostava Aí,minha prima falava,Tio Aluísio,o fulano chamou a polícia A gente esperava os homi passarem e começava tudo de novoAquele termo do Vianinha tá errado......Dura lex Sed Lex,no cabelo só gumex....Nós somos mestiços de indígenas,africanos,portugueses Eu pareço uuma portuguesinha de fado Mas grande parte dos policiais linha dura da década de setenta tinha origem européia,alguns louros,de olhos azuis.Claudio,meu lourinho amado,hoje com o cabelo acastanhado,era um espírito tão simples que ,aprendendo com papai a amar as estradas,decidiu que,quando crescesse,queria ser caminhoneiroMeu pai tinha um xará,um homônimo,advogado.Nunca o conhecemos pessoalmenteAo que parece foi advogado de uma grande empresa aéreaBem,cá estamosMeu pai me explicou a sereiedade da música de João Gilberto,(O desafinado) porque,do seu ponto de vista induzia os músicos a pensar o som além da escala cromática,a perceber os Comas,Quero fazer uma ponte entre Arte e Ciência mas Deus não fez o mundo em um dia Vou aos pouquinhos .....Como dizia meu orientador de Mestrado,é preferivel escrever quinze minutos todo dia do que dez horas em um dia e largar tudo o restante do mês....falava no Eclesiastes que é uma obra prima de Lírica.......Beijin,Beijin,,,,,Beijin....prá quem lê e noite,para quem lê de dia, ou nas lindas manhãs vesperais

sábado, 20 de abril de 2013

Ode às Mães de Rua

entre as ruas
vejo nuas as cores e luas
brincantes cantando blues roucos
para loucos amantes
das ruas,tão nuas,tão cruas
bendito é o grito bêbado dos loucos
dos poucos áridos mendigantes
em filias cruas
de restos poucos
bendito é o grito louco
da mulher que procura o flilho na lista e não acha

bendito é o grito pouco,quase mudo,

da mulher que sonha o flilho,morto

bendito é o grito,o rito, o sonho da mulher que busca o filho morto

e num sonho mudo e num sonho descobre onde ele está
(Ode às Mães das Ruas)    helenice maria

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Vida não é Sonho


Erratinha Nova

Erratinha

ConSeguiNdO CONSEGUINDO ConseGUIndo  CONseguinDO
Vou seguindo Vou seguindo entre Ventos e Moinhos
Num segundo o céu estelar
Vem banhar minha varanda
CONSEGUINDO CONSEGUINDO
vou brincando em sol maior

Lavras

Lavras
Gosto deste cantos que sobrevivem em lugares distantes onde se pode comer um bom pastel,café,laranjada e ver galinhas no quintal AmoMeus pais e eu tínhamos muitos amigos em lugares assim Gente operária,conversando sobre filhos,coisas do cotidiano,lugares onde se parecia estar além do tempo e do espaço Uma vez meu pai viajou sozinho para Lavras Nós sempre íamos com ele Ou Claudio ou euViajando de madrugada,eis que de repente,surge no meio da estrada ,um cavaloPapai nos contou que tinha três opções Ir em frente e sacrificar o cavalo,jogar o carro à direita e se arrebentar nas rochasOu jogar o carro à esquerda e cair num abismoTomou a terceira decisão Por respeito à vidaNo momento que poderia ser fatal para ele,o cavalo se deslocou e ele passou em linha retaSem nenhum dano São Judas Tadeu O santinho das causas perdidasPensou Foi martiruzado por ter sido acusado de um crime que não cometeuMas papai nos explicou que optou pela vida do cavalo por respeito à vidaSalve América Os que vão nascer te saúdam porque nenhum dos Césares pós modernos pode nada contra a vidaMas pensammmFazíamos cursos básicos nas escolas de música e num determinado momento percebi que ele não conceguia usar a percepção de sons relativos por cansaço mentalTrabalhei exercícios de relaxamento,brincadeiras sonoras Resultado Faziamos trabalhos polifônicos,cantando juntos o tempo todo,quando ele não estava no serviço públicoO que leva mesmo à compreensão de uma linguagem é analisar como esta linguagem funciona Em lugar de conceituarAcredito que um compositor pode ouvir mentalmente um trabalho e não conseguir solfejar se estiver muito cansadoBem,estou criando as minha próprias escalas e trabalhando em harmonia expandida,as vezes modal,harmonizando tonalidades diferentes com escalas minhas,na vertical(harmonia simultânea)Brincando

Ondas

Ondas
Ondas,ondas,ondas Quando tive depressão,não queria sair do quarto Minha sobrinha,três aninhos,enfiou debaixo da porta os seguintes versos.....em letras garrafais.....onde,onde,onde,olha a lua brincando de esconde esconde...perguntei prá ela Belinha Que lindo!!!!!E perguntei se eram da autoria dela Me disse,Não titia!!!!Tenho que ser honesta Copiei do livrinho Mas ela associou uma situação concreta,segregação por oscilação de humor à palavra,à brincadeira,,,,brincando,,,e à oscilação calmante do som repetido....onde,onde,onde...A poesia acalma A vida resolve O Gil,quando formulou comigo a pergunta O que é o som!!!!!Em lugar de O que é a palavra!!!!!!Quando conversamos sobre a dimensão musical da fala,que não é percebida de imediato,e conversamos sobre as causas disto,formulou a hipótese de a fala se estruturar sobre intervalos musicais muito pequenos
Esta é a minha segunda erratinha A questão não se coloca na silabaçao mas nos intervalos de som imanentes à falaTalvez um pouco minimalistaAssim como as Inxcelências,ou,provavelmente os cantares do RosárioO que me proponho a entender é como estes companheiros associam situações concretas de sobrevivência humana à Arte
Segundo os psiquiatras,se alguém fica cinco dias sem sonhar,pode começas a delirarEm onze dias,provavelmente já estará em pleno delírio Ou seja,sem defesas Em risco de vida A arte nos remete à região do ID Do desejo real guardado nos porões do inconsciienteProvavelmente a ciência venha algum dia a comprovar que a humanidade não sobreviva sem a relação com a ArteEntão,os artistas cumprem uma função análoga à dos médicos,dentistas,professores Não são algo da ordem do supérfluoE sim da ordem do indispensávelPor isto as mães cantam cantigas

Aurora Boreal

A aurora boreal
Uma aula de contraponto resgata a alma Sentada ao  lado de papai,ouvia a explicação que ele me davaSe o músico trabalha,na primeira voz,uma quantidade métrica de duas semínimas,num dois por quatro,a noção de contraponto,aconselha a manter a proporcionalidade na segunda vozEntão,todas as escolhas métricas possíveis terão a mesma proporcionalidade métrica da primeira voz Assim uma terceira e uma quarta vozSeja num dois por quatro,num cinco por oitoTenho usado no meu trabalho de Composição,sete por quatroQuando viajávamos pelas estradas de Minas,ele construiu um colégio numa cidade interiorana,viajamos por uns seis anos pelas estradas de Minas,eu tinha uns três aninhos,viajei com ele até os dez anos nestas estradas,ouvíamos o vento batendo no retrovisor,parecia uma risadinha Perguntei se era Ele me explicou que poderia ser considerado um som musicalAssim como o barulho da chuva no telhado....ou um canto dos pássarosConversando com Gil,ouvi a seguinte reflexão:Todo mundo pergunta....o  que é a palavra....poucas pessoas perguntam....O que é o som!!!!!Que entre outras coisas permite a falaParticipei de um Simpósio chamado Poéticas da Palavra Cantada CordelAbraão BatistaBem,se alguém parar em qualquer ponto da fala  e prolongar a sílaba,vai perceber que é um som musical Falamos cantando sem perceberColoquei para o Gil,meu amigo de infância isto,porque não percebemos o nosso canto Ele me disse que é provável que seja porque os intervalos entre as sílabas seja muito curtoDerrida questiona o caráter logocêntrico da compreensão inteligente no mundo ocidentalGramatologiaim.Uma análise de laboratório,por exemplo ,exige em grande escala,uma inteligência visualMeu processo de individuação com meus pais é muito claro Fiz minhas escolhas naturalmente Minha mãe foi dona de casa e cultura viva porque conhecia toda a tradição oral anônima do século vinteEscolhi o título Aurora Boreal pensando nela Sempre dizia,nem tanto ao mar ,nem tanto à terraEste entrelugar me encanta Nem dia,nem noite Entre sol e LuaReflexão Deslocamento de lugares préestabelicidosFiz Letras Meu pai era engenheiro civilUm definido processo de individuaçãoTenho uma doce relação com as cidades e com as gentes por causa deles

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Saudade Azul

Saudade Azul
O avesso da memória
canta os pardais de manhã
o assovio na esquina em plena madrugada
o apito de um trem,ao longe
que ouço aqui e agora
passos na rua
que não são mais dos parentes
e no entanto,assinalam presenças,rumos
vidas
ouço o canto de sereia da mãe
ouço meu pai tocando Bach
e acordo sozinha
a geometria do meu quarto
arfa velhos gemidos
as paredes vertem cânticos
e no meu quartinho operário
componho um samba sinfônico
tomo um café temporão e
espero a prima de manhã
a saudade é hoje e sempre
e se renova amanhã
ao nascer do sol
vivo porque vivi
Helenice Maria Reis Rocha

Erratinha

Erratinha
Depois de conversar com o Gil,meu amuguinho amado de infância sobre tudo que escrevi em É de manhã ele me explicou que a célula cancerosa absorve,e não produz,mais energia Isto é coisa de vampiro Só pode estar ligado ao que não foi explicadinho,como numa linha de produção Pensei nos microorganismos do Complexo de Golgi que não foram compreendidios pela Ciência Beijin Beijin Beijin Doce Humanidade

É de manhã.....vejo a lua no céu a brilhar.....

É de manhã
Como diria a linda música cantada pelo Tom É  de manhã....
Num modo de produção que foca a atenção sobre a produção da mercadoria (Ford) o devaneio é uma inconveniênciaNo entanto,um distanciamento de seu objeto de estudo,uma distração,um pássaro que passa no céu,os passaros na fiação....Shafer(O Ouvido Pensante)brincou,construindo linhas melódicas,com pássaros na fiação,salvo engano Ou foi OffDenominações à parte,este afrouxamento das tensões leva ,possivelmente à uma leveza que pode aproximar mais um estudioso de seu objeto de estudoAlguém que observe por exempo a molécula....tende a buscar funções definidas O que não for reconhecido de maneira funcional,exatamente como numa linha de produção,será desprezadoDigo isto porque um devaneio me levou à moléculaMinha irmã caçula,Ó!!!!!!Palas Athenai !!!!!!passou na internet uma velinha,implorando a cura do câncer Fui lá Entrei na internet e observei todos os estudos sobre a moléculaTudo explicadinho menos a função de determinados elementos produzidos no Complexo de Golgi Coloquei-me a devanear Ara pois.....se o Complexo de Golgi produz coisas que além de não ter função dentro da molécula,ainda são expelidas por ela ......Bem,se o câncer é explicado por uma produção de energia maior do que a célula aguenta deve haver uma espécie de vampiro nesta história...sendo estes corpúsculos os únicos elementos descartáveis para estudo,por não terem função na célula...mereciam uma análise detalhada...Mas a noção de função....ligada  diretamente à um modo de produção(linha de produção) pode influenciar de alguma forma,como substrato cultural o que chamamos de lógica do pensamento científicoEu e a minha cabecinha despirocada....Bem,no cômputo pessoal,gostaria de associar ondas hertezianas,eletroencefalograma,medido também em ondas hertezianas,à resolução de alguns conflitos recorrentes(hiperatividade,depressão).....É provável que também a cor tenha tradução em ondas hertezianas,dai...terapias associadas Pensei no princípio de homeopatia para esta articulação de sons,cores,eletroencefalogramaConversamos muito pelas madrugadas,meu pai e eu,sobre afetos( amor,ódio,alegria,tristeza)e ondas hertezianas
Mas o que me levou mesmo ao devaneio foi a inocência da minha doce Calipso,minha mãe....sensual inocência....Todo o meu trabalho de Composição está articulado com as tradições musicais da oralidade(morfologia)Tentei colocar estas reflexões sobre a molécula para um professor de biologia(UFMG) Não me respondeu....Olhava o céu estrelado ,lá no alto da Afonso Pena,,,,,tsc...como diria Sartre,o ser humano é uma paixão inútil,...para a geraçãopós utopia,já dizia Píndaro...somos a sombra de um sonho...ou....o sonho de uma sombra....

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Aves


O Dia

O Dia
Anos e anos  lidando com narrativas marcadas por formas não lineares de lidar com o tempo e o espaço de descriçãoCom o tempo circular das narrativas míticas,narrativas cuja circularidade é definida pela repetição e suas variantes,como bem disse Benedito Nunes
com as digressões espaço temporais da ficção pós moderna,me decidi por uma narrativa linearRecentemente,um dos grandes nomes do Formalismo Russo,abriu mão dos axiomas de relação do dizer com a forma,no sentido mesmo de linguagem plástica ,ou sonora,para reverenciar a importância de focar o que se dizEntão,esta reles Mariazinha,opta por uma escrita linearTenho pensado que a poesia é também,ciênciaQuando,noPrefácio Interessantíssimo,Mário de Andrade propõe ,assim como André Breton,a livre associação,mecanismo de liberação do inconsciente usado na Psicanálise,está permitindo que,através da palavra,o poeta realize de uma forma fantasmática,ainda que,desejos que não seriam compreendidos pelo ego,que é a convenção social Quem faz poesia vai aoIdSegundo Lobo Antunes a ficção é um delírio controladoA partir da liberação deste Id o sujeito resolve parcialmente a sua neurose E chega ao que é possível do seu desejoTive uma espécie de Mãe Calipso,que cantava trabalhando,que me colcou em contato o tempo todo com meu inconsciente através de uma voz clara e magnética de contraltoCantou toda a tradição oral dos séculos dezenove e vinte    ........A Siriema do Mato Grosso...Lindo!!!!Aprendi que poesia é música e assunto popular Como a Lírica de todos os tempos,de Píndaro a CamõesE que o imponderável do Amor vaza através da palavra.Mas vou devagarinho Deus não fez o mundo em um diaE um pai que me ensinou,ainda menininha,o contrapnto de Bach,a doçura de Bela Bártok.....tenho muito  que pensarAs Inxcelências nordestinas são Atonais Comáticas Gemidas Tive morte clínica com onze meses Gastroenterite Aluísio e Ondina passaram a vida sem dormir,trabalhando,cantando e me resgataram de morte clínica,comprovadaO imponderável do amor vaza entre o sofrimento e a sobrevivência pelo prazer De Cantar,de Amar.....mas é preciso amar,como se...

terça-feira, 16 de abril de 2013

A Noite

Os Homens da Minha Vida
Bem,é noiteUma linda noite por sinal Não tenho as virtudes pré socráticas mas conheci homens que têm E isto me resgataMeu irmão,ainda criança,era apaixonado por passarinhos Certa feita,Claudio acordou ao lado de minha mãe ,olhou para trás e perguntou se os filhotes já tinham nascidoOs pré socráticos conceituaram as virtudes,as paixões,a ausência delas mas a única coisa que referenda um ser humano é a sua prática realUma das minhas paixões platônicas foi meu orientador de Mestrado Perto dele,com aquele olhar de sensualidade e doçura,me sentia dentro de um campo energético tântricoEle me deixou claro que não era meu namorado,ou psicanalista,sequer amigoApenas o texto literário perpassou esta doce relaçãoMas hoje entendo uma fala dele:faço literatura para não enlouquecerOu morrerMas,fiz análise musical densa com meu pai,Aluisio,Engenheiro Civil e músico ,entre 1961 à 1985,quando ele desencarnou(enfarte)Estudamos pelas madrugadas,todo o Leste Europeu,a música atonal do século vinteEu,com dez aninhos,ouvia meu pai dizer:helenice,a corda do violão tende a diminuir a intensidade do som,quando vai diminuindo o número de vibraçõesMas se você acreditar,pode conduzir mentalmente o som de fraco para forte e conseguir fazer a SíncopeÍamos ,de madrugada,depois de horas de trabalho,olhar o céu,no alto da Av:Afonso Pena E víamos as luzes da cidade Minha mãe trabalhava cantando Quando fiz o Mestrado(Poéticas da Modernidade)com ênfase em Tradições da Oralidade já conhecia toda a tradição oral dos séculos dezenove e vinte
Fiquei feliz de saber que Daniele Zanetovich(Checa) ainda é tocada nos mais sérios festivais de Música Sinfônica contemporânea

Cantos de Pássaros


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Hierarquia

Hierarquia

Tenho me perguntado,em determinados momentos de observação de relações de poder o sentido espiritual e civilizatório da noção de hierarquiaTalvez sirva bem à relações de poder que privilegiem determinado modo de produçãoDigamos que,no modo de produção capitalista,superior hierárquico é quem detém os meios ou modos de produçãoCumpre deduzir que toda avaliação ética do vivente,neste modo de produção,pode estar ligada à detenção ou não destes meios e modos de produçãoEntão,me pergunto!!!!!!As escolhas da minha consciência dependem desta relação!!!!Se me repugna por respeito à vida,ao amor,à justiça,a posição de um superior hierárquico,não devo referndá-loSe,no mundo ocidental,nos consideramos oriundos de democracias representativas,a noção de hierarquia está mediatizada pelos acordos de Estado de Direito e a noção de autoridade tambémPoder pessoal é barbárie Posto isto,liberdade de expressão,de representação,garantias constitucionais à VIDA,ao TRABALHO,à todo engajamento pacífico e produtivoE à rigorosa contenção de todos os desmandos que atinjam aos cidadãos que direta ou indiretamente pagam com trabalho e imposto os bens que garantem este modo de produção

sábado, 13 de abril de 2013

Oncinha Pardal


Entreluas

entreluas de sons perfumam o silêncio
antes do grito
brinco dançante entre blues e passarelas de cimento
dentro da noite ,nesta polis de província
entre tigres de papel inscrevo meu verso
dialética orgástica de solidão e risco
antes a saudade me embalava os passos
onde a origem canta
e os quintais regorgitam
de flores,de bichos,de pais,de tias
de uma espécie  de mãe sereia,eternamente menina
para sempre adolescente
eu,flor do abandono
te amo
sem saber quem és
porque tive esta origem
cantante e belaqualidade sem nome ,dentro da noite
apesar do cimento cru
que me assinala os passos     helenice maria

quinta-feira, 11 de abril de 2013

SINAIS DE ORALIDADE A Transfiguração do discurso em Cobra Norato

SINAIS DA ORALIDADE:
A transfiguração do discurso em Cobra Norato
Helenice Maria Reis Rocha
Tentarei, neste estudo, proceder a uma análise do discurso do mito da Cobra Norato,
advindo da tradição indígena, e a uma análise do discurso desse mesmo mito, tal como ele
aparece no poema Cobra Norato de Raul Bopp. O objetivo deste trabalho é dar a perceber
como o mito da tradição oral indígena é percebido pelo poeta modernista e como ele
aparece transfigurado discursivamente na referida poesia. Transformado em um outro
discurso, o de uma poesia modernista, cumpre dar a perceber o sentido desta apropriação.
Comecemos pelo mito.
Cobra Norato. Uma das lendas mais conhecidas no extremo norte brasileiro,
Amazonas e Pará. Uma mulher indígena tomava banho no Paraná do Cachoeri, entre o
rio Amazonas e o rio Trombetas, município de Óbidos, Pará, quando foi engravidada pela
Cobra Grande. Nasceram um menino e uma menina, que a mãe, a conselho do pajé,
atirou ao rio, onde se criaram, transformados em cobras-d’água. O menino, Honorato,
Norato era bom e Maria má, virando embarcações, matando náufragos, perseguindo
animais. Mordeu a Cobra de Óbidos e esta, estremecendo, abriu uma rachadura na
praça da cidade. Norato foi obrigado a matar a irmã para viver sossegado.
(CASCUDO, 1972, p. 289)
Capturando o não-dito do discurso, ou seja, aquilo que Maingueneau chama de implícito,
está implícita aí uma questão de vida e de morte, ou seja: de sobrevivência. A morte de
Maria caninana significaria a sobrevivência dos náufragos, melhor dizendo, dos pescadores.
Vejamos as primeiras falas do poema:
COBRA NORATO
I
Um dia
eu hei de morar nas terras do Sem-Fim
Vou andando caminhando caminhando
Me misturo no ventre do mato mordendo raízes
Depois
faço puçanga de flor de tajá da Lagoa e mando chamar a Cobra Norato
– Quero contar-te uma história
Vamos passear naquelas ilhas decotadas
Faz de conta que há luar
A noite chega mansinho
Estrelas conversam em voz baixa
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
2
e estrangulo a Cobra
Agora sim
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo (BOPP, 1998, p. 148)
Como se pode perceber, há um deslocamento da morte. Antes, a morte brindava a irmã má,
responsável pela dificuldade de sobrevivência dos pescadores. Agora a morte brinda o
herói, que, como veremos no final do mito, aspira apenas a ser humano.
Vejamos o final do mito:
À noite, Cobra Norato desencantava-se, tornando-se rapaz alto e bonito, indo
dançar nas festas próximas ao rio. Na margem ficava o couro da cobra, imenso e
aterrorizador, mas inofensivo. Se alguém deitasse um pouco de leite na boca da
cobra imóvel e desse uma cutilada na cabeça, que merejasse sangue, acabar-se-ia a
penitência e Honorato voltaria a ser um rapaz. Ninguém tinha coragem; mas um
soldado de Cametá, no rio Tocantins, cumpriu as exigências e Honorato
desencantou-se. (CASCUDO, 1972, p. 289)
Fica então implícito que o ritual de morte do poeta matou o humano na cultura indígena. A
nova humanidade aí inserida é a do homem branco, letrado, de pince-nez. De acordo com
Alvez,
foi para esconder seu fraque, sua cartola e seu anel de bacharel, que Raul Bopp teve
de se enfiar na pele de seda elástica da Cobra Norato. Não o tivesse feito e jamais
conseguiria livre trânsito no reino da Cobra Grande, onde a floresta, inimiga dos homens,
abomina particularmente os que trajam à européia. (ALVES, in BOPP, 1998, p. 64)
Por essa razão chamarei o discurso de Bopp de discurso da camuflagem. Mas camuflagem
do quê? Bem, a partir do momento em que é necessário um ritual de morte para a assunção
de uma cultura, eu diria que se trata da camuflagem de um conflito.
O conflito que se inscreve na diferença entre cultura indígena e cultura branca, letrada. O
poema Cobra Norato descreve a trajetória desse herói travestido de cobra em busca do seu
objeto do desejo, a saber, a filha da Rainha Luzia, filha essa que se nos é apresentada como
uma mulher branca, de olhos claros. O implícito desse desejo é essa brancura em oposição
ao que seria o desejo de um herói indígena.
Resumindo, desejo de brancura, desejo de Europa. A substituição dessa luta de vida e morte
imanente ao mito indígena por esse discurso erótico nos joga num jogo de encantamento
que nos faz esquecer a dialética da sobrevivência do indígena e do caboclo em face da
pobreza, e de uma natureza hostil nos levando a um maravilhamento estético que bem se
assemelha à noção de mirabilia do viajante europeu ao Brasil. O jogo erótico camufla uma
ausência: a do homem indígena. Por essa razão chamei a esse discurso erótico de discurso
de camuflagem. Vejamos o não-dito do discurso: quem se camufla, faz isto porquê? Para
esconder a própria face. As pessoas se escondem para se proteger, para despistar o
adversário e por razões diversas que apontam para um obscurecimento da clareza das
coisas. O implícito desse estrangulamento da Cobra Norato é o sufocamento da expressão
3
do mito transcrito. O sufocamento dos termos da cultura indígena. Sufocar significa entre
outras coisas impedir a voz. Essa voz sufocada sobrevive na poesia através da permanente
recorrência aos personagens do mito. E a voz sufocada se volta contra o sufocador através
mesmo dos significados imanentes a esse gesto. A título de esclarecimento estou tomando
todo o poema escrito como enunciado e o não-dito, o que está imanente ao texto como
enunciação, tal como prevê a definição desta categoria pela análise do discurso.
Procuremos agora alguns aspectos do contexto histórico do modernismo para nos situarmos
melhor.
Há uma contradição aparente no fato de a arte moderna, implicando todas aquelas
ligações com a sociedade industrial, ter sido patrocinada e estimulada por fração da
burguesia rural. O paradoxo, todavia, fica ao menos parcialmente resolvido se
atentarmos para a divisão de classes no Brasil na década de 20; apesar da
insuficiência de estudos a esse respeito, parece hoje confirmado que, além das
relações de produção no campo paulista já terem caráter nitidamente capitalista por
essa época, uma importante fração da burguesia industrial provém da burguesia
rural, bem como grande parte dos capitais que permitiram o processo de
industrialização. Daí não haver, de fato, nada de espantoso em que uma fração da
burguesia rural assuma a arte moderna contra a estética “passadista”, “oficializada”,
nos jornais do governo e na academia. (LAFETÁ, 1974, p. 14)
Essa contextualização histórica do modernismo funciona como uma forma de situá-lo no
seu lugar de enunciação já que esse conceito se localiza no entre-lugar linguagem, ou
melhor enunciado versus contexto. Situado o modernismo na sua face de enunciação
vejamos o que acontece em Cobra Norato. Quando enuncia
Vou visitar a rainha Luzia
Quero me casar com sua filha (BOPP, 1998, p. 148)
Bopp deixa implícito no seu objeto de desejo a busca de uma princesa, existente
predominantemente no fabulário europeu. O casamento se consuma com direito a convite a
uma parte da intelectualidade modernista. E o homem indígena é o grande ausente. Com
relação à questão da oralidade e da escrita nos dois discursos que estou comparando, me
socorro em Maingueneau que nos diz
O importante não é, pois, tanto o caráter oral ou gráfico dos enunciados quanto a
sua inserção num espaço protegido. O enunciado literário é garantido em sua
materialidade pela comunidade que o gere. Reivindica uma filiação e abre para uma
série limitada de repetições. Capturado na memória, aquela da qual vem e aquele em
que está destinado a entrar, pertence de direto a um corpus de textos consagrados.
(MAINGUENEAU, 1995, p. 87)
Pertencendo com lugar de destaque à bibliotequinha antropófágica Cobra Norato pertence a
esse “corpus de textos consagrados” (MAINGUENEAU, 1995, p. 87) assim como o mito
que lhe serve de substrato se “abre para uma série limitada de reflexões”
(MAINGUENEAU, 1995, p. 87) mas o discurso erótico introduzido por Cobra Norato no
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meio das significações do mito indígena, tal como a camuflagem do herói branco e letrado,
esconde os anseios de perpetuação da elite modernista.
Posto que já se deixou claro o lugar da enunciação vamos tentar capturar exatamente um
pouco mais desse implícito do texto na própria poesia de Raul Bopp. Vejamos:
Ouvem-se apitos um bate-que-bate
Estão soldando serrando serrando
Parece que fabricam terra...
Vê! Estão mesmo fabricando terra (BOPP, 1998, p. 155)
Neste trecho, o mundo industrial é transplantado para a floresta. Ora, sabemos que o que há
de mais expressivo no conflito civilização versus mundo indígena é a confrontação entre
mundo capitalista, industrial e modos de sobrevivência dos povos da floresta. A exploração
industrial da floresta invade as reservas indígenas e coloca em risco a sobrevivência desses
povos. Por essa razão, um verso como esse, camufla conflitos configurando o que estou
chamando aqui de discurso de camuflagem. O implícito desse discurso evidencia o lugar de
enunciação desse poeta que, apesar de ter percorrido a Amazônia, parece harmonizar
mundos tão diferentes que podem até se excluir um ao outro.
Referências Bibliográficas
BOPP, Raul. Cobra Norato e outros poemas. 11. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1971.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário de folclore brasileiro. 7. ed. São Paulo: Ática,
1997.
LAFETÁ, João Luís. A crítica e o modernismo. São Paulo: Duas Cidades, 1974.
MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária. São Paulo: Martins Fontes,
1995.
MAINGUENEAU, Dominique. Pragmática para o discurso literário. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.

O Exílio Sambado

O Exílio Sambado
Esta flor que vos fala
já sambou todos os rítmos
batizou todos os ritos
desfolhou todas as pétalas
Onde anda Mariazinha!!!!Que já nasceu exilada!!!
por falta de bom marido!!!!por falta de vida casada!!!!!!
O sabiá que sobrou
come na mesa do Rei
um alpiste duvidoso
por muito que foi traído
por muito ter sido enganado!!!!
Brincadeirinhas a parte
longe da mesa do Rei
Hei de comemorar entre irmãos
a volta aos meus quintais
à epifania de irmãos
à linda memória dos pais
Ao aguardado retorno da filha

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Palavra Canto

Palavracanto
Se alguém é obrigado a sair de seu silêncio
para provar inocência real,todos os valores civilizatórios deixam de existir
por isto
planto semolina para deixar cheiro de jasmim
planto canção para deixar imagem de lírios
já confundo s e z de puro cansaço
mas não quebro a sapucaia quando publico um ensaio
revisão ortográfica legal
s ou z .....s ou z....s ou z....lá vai o trenzinho levando minério
lá vem a Cecília encantando meninas
isto ou aquilo,noite ou dia
se um dia na vida alguém me escolher
lhe dou uma prenda
amo você
já que ninguém me tira prá dançar.......helenice maria

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sananda Erezinho

sananda erezinho

saltou sete muros

cantou sete vezes

o canto das matas

sananda erezinho

amou as crianças

amou as mulheres

e os homens também

sananda erezinho

chupou a pitanga

até o caroço

levou esta alma

prá dentro do poço

lá dentro floriu

uma bela historinha

pitangas cantando

pardais ,pintassilgos

silvando escalas

sananda erezinho

apanhou do soldado

ainda criança

e deu sua benção

ao seu próprio PAI helenice maria

domingo, 7 de abril de 2013

Rosas,Rosas,Rosas

É loucura odiar todas as rosas porque uma delas te espetou  Belinha

Quando minha fé esmaece

quando minha fé esmaece

penso nos últimos redutos sertanejos

perdidos nas estradas

e me sirvo em silêncio

de café,rapadura e pastel

olho o céu azulinho

e falo com Gercira

ou Maria,ou Bertolina

para fritar pele seca de pirarucu

quando minha fé evanece

brinco em meio a densa noite

com falas de pirilampo

e brilhos de estrelas dançando

amanheço anciã e livre

beijo o pó que me engendra

e cada fala

me encanta

e cada canto

me salva helenice maria