quinta-feira, 18 de abril de 2013

Saudade Azul

Saudade Azul
O avesso da memória
canta os pardais de manhã
o assovio na esquina em plena madrugada
o apito de um trem,ao longe
que ouço aqui e agora
passos na rua
que não são mais dos parentes
e no entanto,assinalam presenças,rumos
vidas
ouço o canto de sereia da mãe
ouço meu pai tocando Bach
e acordo sozinha
a geometria do meu quarto
arfa velhos gemidos
as paredes vertem cânticos
e no meu quartinho operário
componho um samba sinfônico
tomo um café temporão e
espero a prima de manhã
a saudade é hoje e sempre
e se renova amanhã
ao nascer do sol
vivo porque vivi
Helenice Maria Reis Rocha

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