terça-feira, 22 de julho de 2014

ensino técnico,ensino propedêutico....continuação

Se o texto clássico,através de Platão,diz que existe um mundo das causalidades,o mundo das essências e um mundo fenomênico,o mundo das aparências,da concreticidade onde habitamos,quem detem a compreensão de causa,detem o modo de produçãoNo nosso caso,somente uma casta tinha acesso _a especulação das causasAssim sindo ,o mundo acadêmico é o repositório dos sete por cento da humanidade ,que chega ao habitat da causalidadeEntão,há que se perguntar que intelectuais estã produzindoA quem serve a universidadeTodavia,deter o conhecimento do teorema que determina um modo de produção não é deter a posse deste modo de produçãoEste o dilema do intelectual contemporâneoNo nosso caso em questão,cumpre saber quem detem o conhecimento de ótica que leva à lente resgatadora da visão ,quem produz as lentes,,quem detem o modo de produção que conduz às lentes e quem determinas custos e preçosSe o cientista detem o conhecimento de causa,ainda assim não possui os meios de produção Então,está no mesmo patamar de sobrevivência do técnico que produz o objeto em larga escala ,cujo excedente vai desaguar em quem detem os meios de produção,ambos,técnico e cientistaNeste sentido,o ensino propedêutico está atrelado ao modo de produção onde está inserido e a pergunta que não quer calar é :porque motivo a verba destinada ao ensino técnico é maior do que a verba destinada ao ensino propedêuticoSe a universidade pública produz Mestres e Doutores que estão produzindo e não possui verbas,resta saber qual o tipo de conhecimento esta justificando verbas e porque razãoO conhecimento industrial visa à venda,o conhecimento científico à natureza dos resultadosSe,num determinado momento,o resultado de uma pesquisa médica descobre um caminho de cura,não quer dizer que,logo a seguir,existam remédios milagrosos no mercadoIsto demanda tempo,testes,experiência,um tempo que talvez seja lento para o tempo de circulação de uma mercadoria que já esteja produzindo resultados mas a escolha civilizatória incide sobre resultados e não sobre vendas Se a nossa noção de sobrevivência estiver ligada apenas a bons empregos e bons salários poderemos morrer de câncer por falta de bons pesquisadores. Não se deve pensar em pesquisa apenas como repetição dos saberes já adquiridos mas como o espaço de reflexão da descobertaA mera reprodução do já sabido leva ao status quo que nos credencia a pensar que não há necessidade de verabas,de investimento, uma vez que está tudo pronto.Além do conhecimento já consolidado há que se esperar novas descobertas na Física,na Química,na Biologia....etcA produção em série,numa linha de montagem prevê movimentos repetitivos,previsíveis,repetição de fórmulas para a obtenção de mercadorias .Já a produção científica exige experiências que muitas vezes significam mudança de percurso,mudança de conclusões porque a produção científica visa a resultados.A filosofia de Platão prevê o recuo que leva às regras abstratas que explicam os seres e as coisas mas não prevê a mudança de conclusões advinda do laboratório das observações da realidade.Portanto tem alguma relação com o mundo da mercadoria no qual o resultado é previsível.É provável então que o texto clássico,fundador da civilização ocidental,sirva também ao modo de produção capitalista.O recuo que permite ao pesquisador pensar seu objeto de estudo para além dele permite descobertas que uma linha de montagem bloqueia.A interdisciplinaridade ,de uma certa forma,tira o pesquisador do foco(área de concentração,mercadoria) e permite conexões que enriquecem a compreensão do objeto de estudo.Manter um foco,em pesquisa,muitas vezes pode transformar o objeto de estudo numa mera mercadoria a ser estudada e exposta numa vitrine(estante da biblioteca da universidade)A noção de Área de Concentração obscurece a interrelação entre disciplinas de domínio conexo e reproduz a noção de foco na mercadoria que as linhas de montagem traduzem.Tomando como exemplo a sofistificação da indústria alimentícia,supõe-se que se deva investir nesta sofistificação e não no valor alimentício aferido pelas pesquisas da medicina,da biologia.Assim sendo,em vários outros exemplos,o mundo da mercadoria,que forma o profissional técnico,vende ilusões que ilusoriamente mantêm a circulação do dinheiro e a ilusão de que o acesso ao consumo garante a sobrevivência,mas não respondem pela qualidade de vida.O intelectual orgânico,nos dizeres de Gramsci,constroe suas teorias ancorado em seus interesses de classe.Reproduz as contradições de um discurso hegemônico.Em face disso é muito comum ouvir burocratas dizendo que a universidade é um fenômeno de elite e que o ensino técnico(aquele que produz a mercadoria)é mais interessante à classe trabalhadora que deve privilegiar sobreviver em lugar de ir à universidadeEsta falácia transforma a universidade num lugar para poucos.A questão de ordem é:ensino público e gratuito já!!!!Lugar de criança é na escola.Segundo Homi K Bhabha em O Local da Cultura a civilização ocidental constrói suas teoerias do viver sobre seus próprios interesses de poder.É,portanto,interessante a um capitalismo desenvolvimentista fazer acreditar que a sobrevivência humana está ancorada na boa qualidade da mercadoria e não na sua adequação científica à sobrevivência humanaCom a Revolução Industrial e a mudança da hegemonia de mãos é provável que o texto clássico tenha sido subliminarmente retraduzido em função dos interesses da nova classe emergente.Aos antigos nobres,sobrevem a burguesia industrial.À noção de Essência sobrevem a noção de Mercado.Entrtanto a noção de causalidade,as leis de funcionamento que levam à mercadoria permanecem nas mãos de uns poucos iniciados razoalvelmente pagos para permanecerem nos seus postos.Assim,o químico detem o conhecimento das causas de estruturação de determinadas fórmulas.Ao técnico são informadas as quantidades.Assim se mantém a ilusão de uma sobrevivência coletiva que o desemprego estrutural joga por terraO conhecimento das causalidade(Mundo das Essências) que engendra o mundo fenomênico(seres e coisas) fica nas mãos das inteligências razoavelmente bem pagas para subsistir

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